Sou Maria Aparecida Nunes Barbosa da etnia Xacriabá. Moro na aldeia Barra do Sumaré II, município São João das Missões, Minas Gerais. Sou professora há 15 anos na minha aldeia. Sou estudante universitária da UFMG.

Há 3 anos que faço pesquisa sobre conflitos e sobrevivência do povo Xacriabá e municípios vizinhos, antes dos anos 1970.

Pensei em criar esse blog para divulgar meu trabalho e de outros colegas e dar oportunidade para outras pessoas conhecerem um pouco sobre as histórias do nosso povo, que a maior parte está só na mente dos mais velhos que eles estão levando com eles.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Causo da minha avó


    



Quando el morava lá encimão inriba da quele barranca, não tinha quase ninguém para a gente prosear, quando era denote não tina nem uma zuada era aquele sutilão ai precisava dagente drúmi cedo El mi dava uma ingiriza era um escurão é a gente só escutava a cantiga dos grilos.
Só tina um camim um carerim niquem dava plufe dos zonzoutuos cada um ficava cudano da sua obrigação  ali era um intistimento que não tinha hora para passiar na casa dos zonzoutros. Só tinha alegria na casa que tinha minino ai era aquela zuada danada , quando a mininada dava para zuá ai dava uma a divirtimento para todo mundo.
 Quando a gente saia no camim que ohava para baixo já sabia quem passou primeira porque todos já conhecia a precata dos zonzoutros  e tombem não tinha receio uns dos zonzoutros todos era da mesma famia, rea unidos si um tinha uma muda de roupa todos que precisava vistia era o servidadão de todos não tinha nada separado não.


      Neta:   Tula
Fala de minha vô Adelaide contando causos de antiga mente na adolescência dela.
Eu transcrevi na fala dela,tem algumas palavras que é definiu de entender, mais é engaçadas.







A que não tinha essa encrenca assim de matação de gente não.

   De jeito nenhum. Nem briga não tinha. Eu lembro que nem briga não tinha. Oia, eu vim conhecer esse trem foi uma vez que o finado Miguel fez uma festa. Aconteceu isso. Isso aí eu lembro bem. Que o finado Miguel foi numa festa de Santa Cruz lá no Cabano e, de lá pra cá, ele veio mais o compadre dele, mais o Antônio de Jovino, que morava aí nas Caraíbas, e o Antônio do outro lado, esqueci o nome do home. Foi ataiá no caminho que já vinha emborae eu vou voltar lá?” Aí ele voltou lá. Tava um de lá, outro de cá, todos dois quem nem galo e galinha. Aí ele foi atravessando no meio e disse: “ Me atende compadre, me aten, aí o Miguel foi falou assim: “Cês tá aí conversando, deixa eu ir embora, eu tô com sono, eu vou-me embora”. Aí, ele olhou pra trás: “Vão bora companheiro!” Que ele olhou, só viu faca clareando. Disse: “Meu Pai do Céu! Que é que eu vou fazer? Será qu de compadre!” Quando ele falou assim, o compadre, tá, a faca nele. Aí ele caiu do burro e foi pro brejo. Foi a primeira vez que eu vi isso. Nunca tinha visto. Inteirou duas vezes com aquele menino besta que morava no Moro faiado,nuca tinha visto isso,ta!Bom ai vimos embora a qui pro Brejo.Inteiro duas  com aquele menino , um menino besta que tinha ai do veio Pedro cachiado. Pra ele mi era besta, todo mundo dezia que ele era besta, pegaram o pobre do menino e mataram. Nos já morava no Brejo,eu digo: Ui! E já viu mata gente! Gente mata e bicho não e gente não,daí o povo seguiu.ô! Agora, porque? porque o povo rendeu de mais, e ta muito a loceia, e ta  desobidiente, ta muito desobidiente. De primeiroera bom um fazia uma festa e saia avisano ocê, ai agora conde ocê chegava na quela festa , õ maio alegria,ocê comia tomava café a noite inteirinha, !Esse povo dançano, dançava um ludu, era ludu, não tinha essa coisa não de rasta pé não, era ludu  era um samba, ai assi a noite inteirinha, só tomano café e comeno o que tinha. A li agora o solo saia e ocê tombem até que isguecia que na quela armonia, até uma hora dessa, o povo tava sambano, que era bom.Hoje a gente tem medo até de fazer uma brincadeira,é! Ah!Tempo bom! Da arcansei uma beradinha ainda, arcansei uma beradinha do bom, e