Sou Maria Aparecida Nunes Barbosa da etnia Xacriabá. Moro na aldeia Barra do Sumaré II, município São João das Missões, Minas Gerais. Sou professora há 15 anos na minha aldeia. Sou estudante universitária da UFMG.

Há 3 anos que faço pesquisa sobre conflitos e sobrevivência do povo Xacriabá e municípios vizinhos, antes dos anos 1970.

Pensei em criar esse blog para divulgar meu trabalho e de outros colegas e dar oportunidade para outras pessoas conhecerem um pouco sobre as histórias do nosso povo, que a maior parte está só na mente dos mais velhos que eles estão levando com eles.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Relação do curso com a prática pedagógica

 Relação do curso com a prática pedagógica (cultura e conhecimento da comunidade, métodos de ensino e material didático).

            Segundo relatos obtidos nas entrevistas com os professores, alunos, pais e liderança da aldeia, esse curso está contribuindo muito para a prática dos professores da aldeia.  Tem deixado os professores mais a vontade, bem informados e mais seguros (que estão fazendo uma boa aula) Eles adquiriram mais conhecimentos e desenvolveram melhor seus trabalhos junto com as comunidades. Esse desenvolvimento tem melhorado tanto para o trabalho dos professores quanto no desempenho dos alunos. Os professores estão ajudando os alunos a descobrir um mundo em que ainda não havia sido descoberto, dando a oportunidade de obter e aprofundar outros conhecimentos, despertando- se assim os seus interesses e curiosidades sobre os diversos assuntos.
 Antes de 2006- havia ensino médio em apenas duas aldeias: Barreiro e Brejo. Hoje já tem ensino médio em 6 aldeias, sedes.. Desde que criou o ensino médio, já temos jovens que terminaram o terceiro ano e estão trabalhando na própria aldeia.
Antes da criação do ensino médio nessas sedes, muitos jovens só estudavam até a oitava série e parava porque não tinha condições de continuar estudando na cidade, ou até mesmo para escola em outras aldeias que já existia como explica acima. Era muito distante, e não tinha transportes.
Hoje através das capacitações e da inserção de professores indígenas na graduação intercultural pode se afirmar que houve uma grande aprendizagem; já que tudo que é aprendido no curso é trabalhado no ensino médio.
Antes do curso alguns professores tinham dificuldades em trabalhar algumas disciplinas, pois não tinham capacitação adequada para exercer um cargo no ensino médio, e isto foi superado durante o curso. O mesmo contribuiu no avanço dos professores e tem deixado os alunos mais interessados e confiantes em seus aprendizados.
O curso está sendo muito importante, pois a cada dia aprendemos coisas novas. A participação em cada módulo enriquece a prática em sala de aula. Durante os módulos estamos em constante observação: o jeito e comportamento de cada professor não índigena na sala de aula, os conteúdos desenvolvidos e as formas de desenvolver esses conteúdos.
Cada professor indígena está tendo um bom desempenho, pelo menos na busca de novas práticas e novas metodologias de ensino e produção de material didático específico e isso tem melhorado muito a qualidade de ensino nas escolas indígenas.
Através deste estudo os professores estão conseguindo responder as demandas de cada aldeia e da reserva com ensino da primeira série até o terceiro ano.
Muitas coisas estão acontecendo na prática como a elaboração de planejamento coletivos e com temas voltados para a realidade das comunidades e do próprio povo. Com isso, ajuda os alunos conhecer e reconhecer quem eles são, sua história e a história de seu povo, fortalecendo sua identidade cultural, além de ter oportunidade de conhecer outra cultura.
O curso influenciou também os professores a participarem de encontros, reuniões, oficinas e elaboração de projetos junto com as suas comunidades. Sendo capazes de participarem das discussões e proporem soluções para os problemas.
Com esse curso os professores indígenas aprenderam muitas coisas importantes e interessantes. Através deste curso muitos dos professores criaram projetos que é utilizado dentro da comunidade, e isso, antes do curso ninguém nem ouvia falar.
 O curso ajudou a nos pensar a forma de trabalhar com o nosso jeito de viver.
No conhecimento de legislações que garantem nossos direitos de ter uma escola específica, diferenciada e que seja obedecida e respeitada pelos órgãos competentes.
No resgate e valorização da nossa cultura, revitalização da língua, direito, autonomia e luta pela terra.
Através das demandas, pesquisas com os mais velhos buscando formas e práticas do nosso povo.
O curso está nos ajudando a conhecer os nossos direitos e através desses direitos podemos entender o que é um projeto político pedagógico, porque só assim a comunidade terá respeito. O projeto político e o currículo estão sendo reformulado baseado na demanda surgida nas comunidades. Nele temos a capacidade de colocarmos novas práticas e planejamento a partir de temas que nos interessam e são importantes para nós.  A reformulação desse projeto está acontecendo com a participação, ajuda e esclarecimento dos pais, alunos lideranças cacique e toda comunidade escolar, colocando o nosso jeito e ser de viver, de e pensar.
O curso está dando a possibilidade dos professores conhecerem outras culturas e modo de viver de outros povos indígenas, através de encontros com palestras. Onde eles trazem um pouco da sua realidade, cultura, e anseios para o seu futuro como povo indígena. Assim colocar em prática algum conhecimento ou projeto para resolver a situação nossa, de acordo a necessidade, realidade e modo próprio de viver. Além disso, tem possibilitado os professores ser mais informados, ajudando também na reflexão, de como trabalhar a realidade de dentro e fora; pois é, fundamental para nos que queremos nosso futuro garantido, ter conhecimento do mundo atual que está sendo bem diferente do mundo anterior que os nossos pais viveram.
Destacando a importância da valorização e fortalecimento da prática cultural pegando experiências que podem ajudar na melhoria dos alunos e da comunidade em geral.





Alunas: Cilene Araújo Santos Gomes e Maria Aparecida Nunes Barbosa.




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